Resenha: Crepúsculo
- Elle Dias
- 14 de set. de 2021
- 4 min de leitura
O polêmico crepúsculo. De quem ama à quem odeia, essa saga sempre dá o que falar no mundo dos livros.
Apesar de ter sido uma releitura, achei interessante fazer uma resenha sobre ele. Vai ser mais uma análise de alguns pontos do livro do que uma resenha em sí, mas tive tantos comentários durante a releitura (coisas que me passaram despercebidas na primeira leitura) que tive trazê-los aqui.
Vamos começar com o trecho:
"Senti um espasmo de medo com as palavras dele, e a lembrança abrupta de seu olhar sombrio e violento naquele primeiro dia... Mas a sensação dominadora de segurança que eu tinha em sua presença sufocou isso. Quando ele olhou para cima para ler meus olhos, não havia vestígio de medo neles."
Na minha opinião, seria muito melhor e muito mais saudável, se a Bella sentisse um certo medo ou mesmo algum desconto com Edward. No livro ela simplesmente ignora o perigo que ele representa não só para com ela, mas também para seus pais e amigos. Seria imensamente melhor se o romance se desenvolvesse gradativamente, com a confiança sendo pouco a pouco, em que ela visse que ele, apesar de perigoso e assustador, não queria machucá-la e lutava contra seus instintos por ela; ao contrário de confiar cegamente nele, com o ponto de, em suas próprias palavras, "sensação dominadora de segurança que eu tinha em sua presença ". Como ele mesmo diz, ele todo era convidativo para a presa, como ela poderia saber que essa confiança não era um reflexo desse convite?
"— É mais difícil do que deveria... rastrear você. Em geral posso encontrar uma pessoa com muita facilidade, depois de ter lido sua mente."
Me incomodou muito durante o livro a questão do Edward ler a mente dos outros sem pudor. É no mínimo problemático. Ele que repudia o que é e o que isso implica a ele, simplesmente ignorar o fato de que isso é errado e violar a privacidade das pessoas como se não fossem nada nao faz nenhum sentido. Se fosse retratado pelo menos um arrependimento por esse traço ou que fosse usado somente em situações de extrema importância, como para ajudá-los a se esconder e esconder seu segredo, então assim, essa questão poderia ser relegada. Mas Edward não demonstra nenhum recato ao fazer isso, e faz sem nenhuma mensão de culpa ou receio.
"—Não importava? —Seu tom de voz me fez olhar. Eu finalmente tinha rompido sua máscara cuidadosamente composta. A expressão dele era incrédula, com um toque de raiva que eu temia.
—Não —eu disse suavemente. —Não importa para mim o que você é.
Um tom ríspido de escárnio penetrou sua voz.
—Você não liga que eu seja um monstro? Que eu não seja humano?"
Aqui de novo o mesmo ponto problemático dela não ver problema ou perigo em nada em relação ao Edward. Ela não se pergunta ou se preocupa em pensar se ele já matou alguém, se já fez pessoas inocentes sofrerem, ela não pensa nem mesmo na própria família, no perigo, ao se envolver com ele, que pode estar os colocando.
Mesmo que Jacob tivesse lhe dito que eles não caçavam humanos, isso era apenas uma lenda da reserva, que nem mesmo ele acreditava. Como ela podia não se preocupar? Ou acreditar tão fielmente em um mito em que nem Jacob tinha fé?
"De três coisas eu estava convicta. Primeira, Edward era um vampiro. Segunda, havia uma parte dele — e eu não sabia que poder essa parte teria — que tinha sede do meu sangue. E terceira, eu estava incondicional e irrevogavelmente apaixonada por ele."
Existe coisa pior que um romance relâmpago? Bella e Edward se apaixonam muito rápido, o pior é que eles quase não tem um diálogo longo suficiente para tentar justificar esse romance tão veloz. O romance não tem desenvolvimento algum. Passa da simples curiosidade para um amor avassalador, que tenta justificar o sacrifício da vida de um pelo outro, sem pensar em consequências, nem nos outros ao seu redor. O que é isso? Romeu e Julieta?
E falando em desenvolvimento...
O modo como a Stephanie constrói os personagens também deixa muito a desejar. Alguns leitores reclamam que a Bella não tem personalidade e que é muito "boba", mas não é que ela não tenha personalidade, ela só não é desenvolvida. Vemos pouco da personalidade dela, como o fato dela ser desastrada e uma vaga mansão, que quase nunca se repete, de que ela gosta de ler. O fato da Stephanie focar agressivamebte no romance em seus livros, da a sensação de que o único traço de Bella é gostar de Edward. Esse problema seria facilmente resolvido com um melhor desenvolvimento de personagem.
Mas esse problema não se restringe somente a Bella. Personagens secundárias são completamente esquecidos e mal desenvolvidos. Como os amigos de escola de Bella. A autora focou tanto em mostrar como Bella era diferente, é em como sua cabeça funcionava de forma diferente dos demais que a transformou na típica Mean Girl. Todos ao seu redor sao fúteis, ninguem enxerga a verdade como ela, ela é unica, diferente de tudo e todos. Isso incomoda bastante na leitura, fica maçante e tudo muito igual.
No geral a leitura foi agradável. A escrita da Stephanie é fluida e fácil de se entender mas sem grandes surpresas. Não odiei o livro mas sei que ele tinha muito mais potencial, seja da história, dos personagens e do modo de escrita.
Não acho que eu vá reler os outros livros da saga de novo. É um dos únicos livros que eu prefiro ver o filme à ler a história.
Bom, foi isso. Lembrando que essas são as minhas percepções do livro e minha palavra não é lei, você tem todo o direito de discordar e discutir sobre isso.
Classificação: 3/5 ⭐
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